Dos 31 anos de vida de Aline Martins Linhares, mais da metade são dedicados ao tradicionalismo gaúcho. Um reconhecimento que prova essa trajetória veio este mês, quando ela foi eleita a Melhor Declamadora na “Ronda dos Festivais” que, desde 1998, premia os melhores participantes dos festivais nativistas do ano no Rio Grande do Sul. Aline ganhou o prêmio pela sua participação na 8ª Carreteada da Canção e Poesia Nativa, realizada no distrito de São Valentim em outubro, com o poema “Meu Filho Morreu de Fome”.
Aline conta que, desde os 12 anos, já participava de concursos de beleza, sendo inclusive eleita Rainha do Carnaval na cidade e no Estado, e, a partir de amizades que construiu nesse universo dos concursos, ingressou no tradicionalismo. Vinculada ao DT Querência das Dores, do Clube Dores, em 15 dias ela aprendeu a dançar e, em questão de meses, começou a participar de concursos de prendas. Logo viram que Aline tinha perfil de declamadora.
– Eu comecei a declamar para participar dos concursos de prenda e acabou virando uma modalidade individual e importantíssima na minha carreira artística – relembra.
Ainda pelo DT Querência das Dores, Aline foi eleita Primeira Prenda Juvenil da 13ª Região Tradicionalista (RT), em 2005. Posteriormente, em 2016, vinculou-se ao CTG Farroupilhas, entidade que participa até hoje e pela qual também foi Primeira Prenda da 13ª RT, por duas oportunidades.
Aline em uma de suas cinco premiação no Enart, o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha
Reconhecimento
Aline Linhares é professora, especialista e mestra em História, funcionária pública e, atualmente, acadêmica de Direito e, desde a infância, também já ganhou prêmios em rodeios estaduais, nacionais e internacionais. Dentro do meio tradicionalista, entre homens e mulheres na região central, ela é a única pessoa que alcançou premiação em declamação no Enart, o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha, maior expressão da cultura gaúcha na América Latina. Inclusive, a Câmara de Vereadores de Santa Maria a reconheceu pelo feito inédito em Santa Maria e região.
– De 2014 para cá, conquistei cinco títulos do Enart, e são oito anos consecutivos na finalíssima da competição. Então, são quase 10 anos na final, com cinco premiações. Isso é muito significativo para mim – diz Aline.
Ela conta que foi o poeta Carlos Omar Villela Gomes, um dos maiores artistas do meio nativista e seu grande amigo, que a abriu as portas para o mundo profissional da declamação, que são os festivais nativistas. Aline já defendeu cinco poemas inéditos e chegou a ganhar a 3ª edição da Tertúlia da Poesia, em 2016, com o poema “Paixão e Pedra”. Em 2022, se sagrou vencedora nas categorias “Melhor Poema” e “Melhor Intérprete” na 8ª Carreteada da Canção e Poesia Nativa, com o poema “Meu Filho Morreu de Fome”, de autoria de Carlos Omar Villela Gomes.– É um tema bem impactante e importante nos dias de hoje, que fala de justiça social – explica Aline sobre o poema vencedor.
SOBRE A RONDA DOS FESTIVAIS
O troféu Ronda dos Festivais é promovido pelo radialista Jairo Reis desde 1998 e considera as premiações e eventos nativistas realizados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ao longo do ano Em 2022 foram realizados 44 festivais, sendo 37 de Música e 07 de Poesia. As escolhas levam em conta os artistas com mais vitórias. Os festivais de poesia considerados neste ano foram a 10ª Querência da Poesia Gaúcha, de Caxias do Sul, o 7º Esteio da Poesia Gaúcha, de Esteio, a 1ª Porteira da Poesia, de Vacaria, a 19º Bivaque da Poesia Gaúcha, de Campo Bom, a 8ª Carreteada da Poesia Nativa, de São Valentim/Santa Maria, o 9º Celeiro da Poesia, de Abdon Batista/SC e o 3º Unidos Pela Tradição, de Tapejara.O troféu “Poeta Com Mais Vitórias” neste ano foi para Matheus Costa e o “Melhor Declamador” foi Romeu Weber. Nas categorias de música, os melhores intérpretes do ano foram Juliano Moreno e Maria Alice. O compositor e cantor Érlon Péricles foi o grande destaques dos festivais nativistas de 2022, sendo o autor com mais vitórias.
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